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Mostrando postagens de abril, 2017

Jonas E O Circo Sem Lona

Jonas E O Circo Sem Lona, da amiga Paula Gomes, Brasil, 2017. Realizar um filme que tenha a ver com seu universo flui mais rápido ,eficiente e prazeroso, de modo que tudo acontece sem stress e com uma naturalidade de quem só vive aquele universo não acha todo o resultado incrível, mas sim fruto de uma vida dedicada e apaixonada pelo circo, neste específico caso que iremos tratar a partir de agora. Tive o prazer de ver esta obra juntinho com a diretora e o protagonista, Jonas: um menino de treze anos de idade que teve que abandonar o circo para viver “normalmente”, como um menino comum em Dias D`Ávila, na região metropolitana de Salvador, vive. Todavia o longa surge deste empasse, afinal como um menino do mundo fantástico circense pode se alienar e juntar-se com outros numa escola pública da Bahia? A resposta é que sim, isto é, ele não só pode como se junta na educação formal, e com certeza pela inoperância da formalidade e burrice da nossa educação, surge uma necessidade vital para um

Camino a La paz

Caminho a La Paz (Camino a La Paz), de Francisco Varone ,Argentina, 2016 . A pergunta que não quer calar é: Os opostos mesmo se atraem? Escrevo que sim. Entretanto o enredo do filme se permeia pela seguinte situação: um argentino ,de Buenos Aires, doente com câncer na tireoide, precisa se deslocar até La Paz, capital boliviana, a fim de dar o último tchau aos seus familiares. Todavia  a viagem requer cuidados específicos, como por exemplo, urinar de hora em hora na estrada, rezar de quatro e quatro horas por ser muçulmano, etc. Ou seja: coisas que um transporte coletivo não faria. Aí então surge o segundo personagem da trama: um portenho taxista pobre e trambiqueiro que vê o dinheiro, única e exclusivamente, como saída para todos os seus problemas, isto é, um capitalista de carteirinha e já com alguns anos de prática percorrendo bem ilicitamente , escreva-se de passagem. O pulo do gato do roteiro, e conseqüentemente  do filme, é o de juntar os dois personagens tão distintos; enquanto

Jackie

Jackie, do chileno Pablo Larraín, EUA, 2016. Fui ver esse filme, que inda continua em cartaz, porquausa do diretor e me decepcionei. O grande nome do cinema chileno atual se vendeu a Hollywood e perdeu todo o prestígio do público independente que curtia os seus filmes. Após o filme “No”, Pablo voa voos mais audaciosos, financeiramente, e faz este filme. Entretanto acho que ele calculou errado, ou não calculou a falta de criação que não se têm quando filma para grandes estúdios. Jackie é um filme bem feito, sem dúvidas, mas inexiste aquele ar anárquico que existia em “No”,  por exemplo e principalmente em suas entrecenas, fato este que dá todo o ritmo ao filme e o direciona no sentido em criar uma expectativa no que poderia vir a acontecer, ou seja, é o responsável pela tensão dramática ou o máximo clímax de tensão de uma narrativa cinematográfica. Tudo em Jackie é muito bem calculado, de modo que conhecendo o diretor através da sua filmografia original, percebemos nitidamente até, a f

Horizonte B

Horizonte B, da Netflix, Brasil, 2017. Sempre quando acabo de assistir a uma série bisbilhotei-o primeiro no Youtube pra ver se tem uma crítica falada que do que vi. Se por ventura não existir recorro ao Google pra ler algo escrito. Curiosamente não achei em nenhum tipo nada da segunda série brasileira da Netflix, fato este que considero um susto, já que todos tem Netflix. Pois bem, então deduzi que não levaram a sério a série por se tratar de uma minissérie; explico: geralmente as séries são compostas de dez capítulos ou mais com cinquenta e poucos minutos cada episódio, e Horizonte B é uma série de só quatro capítulos de vinte e cinco minutos cada. Ou seja: em duas horas cravadas você acaba com a série latentemente gauchesca. Talvez tenha sido isso: ninguém quis escrever ou comentar sobre ela por ser demasiadamente gaúcha, mas pera lá: sabendo-se que a série mais vista pelos norte-americanos é exatamente uma outra série brasileira, seria então admissível que essa série tivesse mais

Jovens infelizes ou um jovem que grita não é um urso que chora

Jovens infelizes ou um jovem que grita não é um urso que chora, de Thiago B. Mendonça, Brasil, 2013. A cada dia acho o universo teatral mais apaixonante pela sua irmandade e verdade dessa arte. A obra fílmica em questão permeia-se neste universo através de um grupo de atores independentes. O filme mostra as ideologias desses artistas que, inevitavelmente vão contra a tudo estabelecido. Ou seja: são estranhos no ninho e parecem nadar-se sempre contra a maré, fato este que por mais que exista irmandade uma hora o sistema mostra quem manda bruscamente e a realidade é transposta as estas realidades utópicas. O título vem bem a calhar: Jovens infelizes, pois uma hora ou outra a verdade vem à tona e aí nem as orgias habituais do grupo salvam uma luz cortada ou uma geladeira vazia. Embora não queiram é preciso fazer dinheiro para, no mínimo, conseguir comer. Porém ideologias radicais não permitem tais sacrifícios e viver só de arte vira um tormento, e isso por mais companheiros que estejam n

L’ infini

L’ infini ( Infinito ), de Lukas Dhont, Bélgica, 2016. A carga poética da obra é estonteante ao ponto de sairmos emocionados da sessão. Trata-se de um curta metragem de vinte minutos onde acompanhamos a relação entre um pai com um filho, de nove, talvez oito anos. A bestialidade do pai, ou melhor, o fato do pai ter uma natureza “hormonística testosterônica demasiada”, faz com que essa relação pule em tela e seja a protagonista da obra, fazendo desta sem personagens mais ou menos importantes que outros, mas sim o fato dessa relação onde, um: com sua pequenez infante fraqueza física entende aquele ser bestial que não conhece limites por agir de acordo com seus instintos que os norteia, aqueles mais primitivos, ou melhor, aquela raiva inexplicada do mundo que o ser bestial não consegue compreender e tampouco outros que vivem ao seu redor, como por exemplo a sua esposa. Todavia o garoto, e isso talvez por questões genéticas, entende o que ninguém quer e conseguem captar. Talvez se a besti