Elis - O Filme
Elis, do estreante diretor Hugo Prata
, Brasil, 2016. Darei-me a escolha de escrever o filme do fim ao começo. Ou seja:
da morte de Elis antes do início da sua carreira. Mas porque quero fazer isso?
Porque pra mim não ficou muito claro a causa da sua morte. Em determinada cena,
quando a cantora acaba seu segundo casamento com o pianista César Mariano, pai
da Maria Rita, a cantora pede um “baratinho” para um dos seus músicos pela
barra estar pesada demais e então dar uma “levantada”. Supõe-se que tal baratinho
seja cocaína, pois levanta o animo e não tranquiliza como a maconha, por
exemplo. Então temos a primeira hipótese da morte da maior cantora brasileira
de todos os tempos: uma overdose de cocaína. Mas ou, entretanto em outra cena,
a qual ela vai para a cama com o produtor de um dos seus discos Nelson Motta,
este a oferece mescalina: uma droga super usada pelos doidões da geração Beat
Nick dos Estados Unidos; deste modo podemos imaginar que sua overdose no final
do filme seja dessa substancia já que fez uso e conhecia: Mescalina com LSD
também. Coloco em xeque esta questão do suicido da Elis em foco e em primeiro
plano na crítica porque, como já mencionei, no filme este acontecimento não
ficou nada claro, assim como muitas outras coisas do filme, o que poderíamos
chamar de “buracos do roteiro”. O motivo disso( desses vexatórios buracos)
talvez porque o diretor seja um cara oriundo da publicidade e logo de cara quis
fazer uma cinebiografia tão emblemática , de tão tamanho gabarito como a de
Elis Regina: a pimentinha, e fica evidente que o diretor de propaganda não tem
bagagem suficiente para fazer tão ambiciosa cinebiografia de uma pessoa tão
espiritada e geniosa como a nossa melhor cantora de musica popular brasileiro
de todos os tempos: Elis Regina. Mas voltemos aos fatores da infelicidade da obra
e ainda batemos na mesma tecla: Afinal de que Elis teria ido para o além? Nas
cenas parece que a overdose ocorreu só pelo álcool, diga-se uísque e nicotina,
mas convenhamos que para matar alguém haja uísque e cigarros e o filme não
mostra tamanhas quantidades ingeridas pela cantora, mas sim muita angústia da
artista por fazer um show em prol da ditadura militar , fato este que o
cartunista Henfil da famosa revista Pasquim não perdoa e a alustra como uma
traidora da causa anti-ditadura militar. Elis não segura à onda e rompe não só
com a mídia, mas também com a indústria fonográfica ficando só com seus filhos
e sem marido devido a sua fissura nas drogas, mas o filme tenta passar somente
como uma alcoólatra e sabemos que Elis não era apelidada como “Pimentinha” à
toa: quando sai do Rio Grande do Sul com menos de vinte anos com o pai para o
Rio de janeiro, já se previa o temperamento quente e espiritado da estrela que
confiava em seu taco e isso que a levou a aonde chegou: ao posto da maior
cantora brasileira de todos os tempos, incluindo dando “um tapa na cara” da
careta bossa-nova e seus artistas da época, mostrando que Elis vive e viverá
para sempre em nossos corações. Sobre o
filme esse decepcionou em todos os aspectos, só não a protagonista, mas o
roteiro que é o mais importante juntamente com a direção decepcionou bastante:
horríveis.
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