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Mostrando postagens de abril, 2014

Trampolim do forte

Trampolim do forte , de João Rodrigo Mattos, Brasil- Alemanha, 2010. Em suma trata-se de um filme que conta ou narra uma certa fase em que todos já passamos: a infância, e como esta é marcante. Freud, o pai da psicanálise afirma que as lembranças mais importantes de uma pessoa acontecem até aos sete anos de idade. Após isso todas as ações que fazemos acontecem em prol dessas memórias e assim nos tornamos as pessoas que somos adultas, ou não, hoje. Em especial no filme essa infância é contata de uma forma sufocante e muitas vezes angustiante por se tratar de meninos e meninas negras e de baixa renda ambientada na cidade de Salvador, na Bahia de todos os santos. Orixás estes que se esquecem desses pequenos indivíduos e as ruas e a vida soteropolitana os acolhem como consegue, ou seja, de uma forma dura. Temos como fios condutores dessa cativante e comovente história dois amigos. Um sai de casa porque sua mãe inesperadamente some e ele não quer ficar com o padrasto bêbado. E o outro, que

Corpos celestes

Corpos celestes , dirigido e produzido por Marcos Jorge com Dalton Vigh e Rodrigo Cornelsen como protagonistas em épocas distintas, Brasil, 2011. O filme nos “perfuma” de um lembrete popular, que é:"Se tens uma chance: agarre-a com todas as unhas e forças, pois poderá ser sua última, apesar de ter sido a primeira também, ou seja, a sua única chance na vida". Esse ditado meio popular e meio inventado por mim traduz bem o sentimento do protagonista do filme. Este quando criança morava em uma cidadezinha interiorana das Minas Gerias em uma região bem parecida com a aridez do vale do Jequitinhonha dos livros do genial escritor mineiro Guimarães Rosa e um dos melhores escritores brasileiro de todos os tempos, escreva-se de passagem. Fato é que a história começa por esses lados duros e miseráveis do estado continental que é a nossa querida Minas Gerias. Um garoto é criado naquele ambiente seco e sem perspectiva para literalmente nada, ou seja, no meio da miséria. Eis que surge em s

A criança ( L`Enfant )

A criança ( L`Enfant ) , com direção dupla dos irmãos Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, França, Bélgica, 2004. O filme foi palma de ouro em Cannes neste mesmo ano, e com mérito, escreva-se de passagem. Difícil fazer um paralelo entre os adolescentes europeus com os sul-americanos, todavia o filme nos instiga a fazer isso, ou seja, ver uma realidade de jovens europeus e na medida do possível perpassar para nossos trópicos. A história começa com uma garota de dezoito anos saindo da maternidade com seu recém-nascido bebe de sexo masculino. Tal garota procurara o pai da criança, que na hora do parto,“partiu”. O pai era um garoto da mesma idade que vivia de pequenos furtos. Comandava uma mini-quadrilha, onde aliciava garotos de onze, doze anos para praticar pequenos furtos. O rapaz recebe a visita da namorada com a criança de colo e a garota avisa-o que tratava-se de seu filho aquele bebe. Não sei se para se safar ou para simplesmente mentir para ele mesmo, o rapaz revoltado, no seu inti

O palácio francês (Quai d´Orsay)

O palácio francês (Quai d´Orsay ) , dirigido e mal roteirizado por Bertrand Tavernier, França, 2014. Um dos grandes problemas da sétima arte é esta não ter a mesma força em todos os lugares, ou seja, o que é sucesso em um lugar não necessariamente é noutro local. Esse é o caso de Palácio Francês; Um filme que agradou critica e publico em seu país, porém não agradou ao redor do mundo. O filme se baseia na relação de um jovem recém-formado em administração de empresas com seu novo chefe: O temido ministro de relações exteriores da França. O filme se torna monótono porque tal ministro insiste em ser um patrão rabugento que a todo o momento cita versos de seu filosofo preferido: Heráclito, e por isso o filme fica dando voltas a piadas “sem sal “ do ministro " pilhado" para com seus subordinados. De uma certeza saímos após a sessão: Que cultura difere-se de nação para nação,obviamente, e por vezes tamanhas diferenças são tão gritantes que determinada obra/produto não se encaixa e

Um final de semana em Hyde Park

Um final de semana em Hyde Park , de Roger Michel, Reino Unido, 2012. Baseado em um fato verídico o filme conta a primeira visita de um parente da realeza britânica em solo norte-americano. O parente em questão viria a ser o futuro rei da Inglaterra; Um homem gago e tímido (o rei George VI). Por sua extrema gagueira o homem não conseguia se enxergar como rei, se achava incompleto para o posto. A visita do futuro rei da Inglaterra aos Estados Unidos tinha um caráter político já que naquela época a relação dos países “irmãos” estavam sob tensão por guerras mundiais e interesses econômicos de ambas as partes. O presidente americano era Franklin Delano Roosevelt (1881-1945), o 32º presidente dos EUA, interpretado por Bill Murray. O presidente tinha poliomielite, porém não deixava de “pular a cerca” com suas inúmeras amantes que tinha. A sua esposa, uma mulher forte, de certo modo entendia o lado poligâmico do marido. Era uma maneira que o presidente arrumara para “equilibrar” a sua incapac

A manga chupada

O dia era propício para uma praia, o céu estava azul, o sol brilhava intensamente e com bastante mormaço. Alguns brothers já tinham voltado da praia e confirmaram que o mar estava liso, o vento era terão, enfim: um dia típico daqueles que chamamos na linguagem do surf como Clássico. Um grande swell tinha entrado na terrinha e a alegria estava estampada no rosto dos “madrugadores das ondas”, que logo quando amanhece já estão dentro d água alvoroçados. Trata-se de uma galera mais velha com hábitos saudáveis como dormir e acordar cedo, se alimentar bem, se cuidar acima de tudo, pois sentem que a idade chega e essa não dá mole pra ninguém. Como garoto cheio de adrenalina com meus 14 pra 15 anos que tinha, quando olhei para os olhos dos coroas e os vi brilhando de uma forma que nunca tivera visto antes percebi que era um dia clássico de surf. Imediata foi, como não poderia deixar de ser, a minha vontade de pegar o caminho mais curto para chegar na praia ou no pico. Fomos então Eu e mais doi

A puberdade

Com a puberdade vêm as descobertas, às vezes boas e às vezes nem tanto. A estória que tenho hoje se encaixa nas nem tão boas assim, pois bem vamos a ela então. Tinha esse em vos escreve uns 16 ou 17 anos de idade, era um puta atleta já despontando como uma promessa no ramo futebolístico, mas especificamente no ramo de colocar a gorduchinha na rede, ou seja, como dizem aqui pelos lados do norte brasileiro: um brocador nato ou centroavante oportunista. Os babas ( peladas ou partidas de futebol ) com os garotos de minha idade já não era suficiente, estava além de meus colegas de idade em sentido de categoria futebolística e sempre dava uma maior confusão quando se era para escolher os times, sempre eu sendo disputado por vezes a tapas pelos capitães das equipes. Na medida que fui me alongando ou crescendo, fui me tornando cada vez mais veloz e habilidoso, modesta parte, visto que chutava com as duas pernas e cabeceava bem. Os babas dos amigos já não eram suficientes tanto pelo teor técnic

A boca do estomâgo

Um homem sem estória é um homem sem identidade. Chegou a hora de uma estória doida, mas que deve ser revelada. O bairro do qual estou vivendo desde meus 3 anos de idade, ou seja, a vida toda, com uma passada de 1 ano morando em São Paulo, mas nesse bairro me criei, aprendi e deixei de aprender muita coisa. O bairro fora feito na década de 1970 para abrigar os funcionários da Petrobras, ou seja, ficava próximo da sede da empresa. Stiep quer dizer algo como: sindicatos dos trabalhadores de petróleo. Nesse bairro me criei, aprendi a jogar bola e pegar onda e mulher. Enfim, é um bairro muito especial pra mim, apesar de sua maioria ser composta de trabalhadores braçais, o que na época se pedia. Os melhores amigos que tinha tinham pai analfabeto, mas estudavam em escola particular e tinham tudo do bom e do melhor, mais que eu inclusive. ; nunca consegui entender isso: como analfabetos tinham tanto dinheiro assim? Era realmente um choque de paradigmas para mim. Com choques ou sem eles, fundam

Nebraska

Nebraska , dirigido por Alexander Payne, EUA, 2013. Apesar de ter concorrido a seis indicações, inclusive de melhor filme, ao Oscar desse ano e não ter levado nenhuma, ainda assim não tenho dúvida nenhuma ao afirmar que se trata de um dos melhores filmes dentre os indicados a premiação industrial. O filme nos conta a história de uma relação familiar que tem no seu patriarca de idade avançada, e por isso talvez, já dando pinta de alguns sinais de esclerose. Nada que se passe na tela ele como um coitado, pelo contrário, o que percebemos é um senhor de idade lutando com bastante louvor e otimismo contra a doença crônica. Quanto mais ele se esquecia das coisas, mais ainda éramos seduzidos pela interpretação do ator Bruce Dern , que inclusive concorreu ao premio de melhor ator ao Oscar, e injustamente não levou. Entretanto temos como esqueleto roteiral esse aprazível senhor que gostava de tomar uma birita, e por uma propaganda, pensa que ganhara Hum milhão de dólares em um prêmio tipo “rasp

Welcome

Welcome , dirigido por Philippe Lioret, com Vincent Lindon, França, 2009. O filme lança como tema a dificuldade nas relações políticas emigratórias da Europa atual. O enredo se passa quando um jovem quer sair do Iraque, devido à guerra quando os EUA tomaram conta de lá e também porquausa de um grande amor que se já se encontrava em Londres, também devido a guerra em Bagdá. O garoto com dezessete anos faz de tudo para ir para onde estava sua namorada. Todavia quem lhe deu abrigo foi a França e não a Inglaterra( aliada dos EUA) para fugir da guerra insana onde todos seus familiares já tinham sido estraçalhados por uma granada não se salvado ninguém, há não ser ele mesmo por não se encontrar em casa no momento da tragédia. Mesmo o garoto tendo sido acolhido pela França, ainda assim ele não desiste de ir para Londres de qualquer maneira, e em uma dessas tentativas ao atravessar a fronteira é pego na estrada tendo que voltar a França muito frustrado, óbvio. Todavia ele não desiste em ficar

Bastardos

Bastardos (Les Salauds) , dirigido por Claire Denis e protagonizado por Vincent Lindon, França, Alemanha, 2013. Em certas circunstâncias as pretensões acabam ofuscando a realidade. Pois bem: esse é o caso de Bastardos. Não é que o filme seja ruim, mas clareza em um roteiro é elemento importante, até mesmo para filmes como Bastardos que tem a pretensão, e nesse caso consegue êxito em nos tirar da zona de conforto e fazer pensar. A trama se inicia com um telefonema para o protagonista, um capitão que se encontrava em alto- mar trabalhando. O telefonema dizia que o capitão teria que voltar em terra, pois seu cunhado tinha se suicidado. Como “lobo do mar” o capitão acha um tanto estranho o suposto suicídio do cunhado e começa a investigar o que realmente se sucedera. Para avançar em sua investigação ele se envolve com a vizinha da sua irmã e acaba descobrindo que ela, sua própria irmã, tinha culpa “no cartório” pela morte de seu esposo. O morto era um alto executivo de uma multinacional e

Corações Sujos

Corações Sujos , de Vicente Amorim, Brasil, 2011. O escritor Fernando Morais não tem muita sorte mesmo quando suas obras são adaptadas à sétima arte, salvando um ou outro exemplar, como por exemplo, fora o caso de Xingu na saga dos irmãos Villas Boas em uma aproximação do homem branco com os índios. Todavia esta sorte não se teve na tela grande Corações sujos, que conta a história de imigrantes japoneses residentes na capital paulista e estes insistem em não acreditarem no final da segunda guerra mundial. Escreveria até que tal adaptação cinematográfica não só fere a sua homônima obra literária, mas principalmente ridiculariza a história do povo japonês que em solo Brasil vive. Como mencionamos os japoneses mais samurais não aceitam a perda da segunda guerra e se comportam em pleno bairro da Liberdade, no centro de São Paulo, como ainda combatentes de guerra. Forma-se então um pacto entre eles no qual este é baseado em que quem desse “trela” e acreditasse que o Japão tivesse perdido a

Refém da paixão

Refém da paixão , dirigido e roteirizado por Jason Reitman, com Kate Winslet, EUA, 2013. Os romances hollywoodianos passam hoje por uma crise de péssimos roteiros e este filme não foge a regra. Todavia vamos embarcar nesse enredo climatizamente rodado nos EUA de 1980; É o seguinte: Temos uma família constituída por mãe divorciada e um filho de treze anos. Como de costume em determinado dia do mês os dois vão ao supermercado para comprar seus mantimentos mensais. Em uma ida dessas o garoto é interpelado por um homenzarrão com um ferimento na barriga. Com a lábia boa o homem acaba fazendo amizade com o garoto e este o apresenta a sua mãe que estava em outro setor do mercado. Após isso o sequestro se inicia com o homem obrigando que os dois entrassem no carro deles e o lavassem para sua casa. Tratava-se de um fugitivo da cadeia por crime passional. Fugiu do hospital quando estava tirando sua apêndice e por isso andava mancando por estar com o abdômen furado. Quando o sequestrador e os seq

Trem noturno para Lisboa

Trem noturno para Lisboa , de Bille August, Alemanha, 2013. Como um filme adaptado através de uma obra literária portuguesa quer fazer sucesso sendo falado em língua inglesa e ainda por cima em uma determinada data importante, a revolução dos Cravos de 1974, para o país lusitano? Poderia enrolar e só escrever que o filme é péssimo somente no final da resenha, mas é que fiquei intrigado com tamanha burrice das pessoas que fizeram o filme. Até um cego enxergaria que esse filme tinha que ser narrado em língua portuguesa, com certeza. Por esse desvio de idioma a obra cinematográfica se compromete totalmente e por mais que seus atores tentem salvar o filme, este não se sustenta pelo diretor investir em uma carga dramática excessiva em seu protagonista, um professor universitário solitário que vai a busca de um místico livro por trens rodando a Europa até chegar a Portugal ( que fica na Europa também ). Na verdade o diretor dinamarquês Bille August quis dar essa carga dramática ao professor